Garis acordam cedo para recolher toda a imundície
Por Fernanda Araujo
Depois da animação na avenida, de música, muita bebida e comida, resta nas primeiras horas da manhã apenas a sujeira espalhada pelas ruas e canteiros. O outro lado do Pré-Caju é ainda pouco visto por aqueles que após a festa se refugiam em suas residências.
De acordo com os garis, o outro lado do Pré-Caju é fétido, com muito lixo, mistura de urina com cerveja e camisinhas espalhadas. Trabalhando antes, durante e depois do evento, sempre com a perspectiva de deixar tudo limpo para a folia, os garis acordam cedo e dobram seus horários para recolher toda a imundície jogada pelos festeiros.
Por volta das 8h, da avenida Augusto Maynard até a Tancredo Neves já estava quase tudo preparado para o retorno dos trios elétricos. No bairro da 13 de Julho e na avenida Beira Mar, homens suaram recolhendo latas de cerveja, varrendo restos de salgadinhos e até camisinhas. Mas nem sempre eles são valorizados pelo esforço e dedicação.
“É um fedor terrível, principalmente nos canteiros. Eu imagino o problema para as pessoas que moram por aqui”, lembra um gari. O gari Alex Melo, que começa a trabalhar às 6h, se sente destratado com o serviço dobrado no Pré-Caju. “O horário pra trabalhar é de 6h até às 14h, mas acabamos trabalhando muito mais tempo. Além daqui, ainda somos transferidos para outro local até fechar o horário”, relata.
Outro gari, que não quis ter seu nome identificado, é ainda mais frustrado. “A Emsurb nos prejudica ainda mais, porque trabalhamos até depois do horário. Acordamos muito cedo pra estar no horário e ainda não somos valorizados. A Emsurb paga a Torre para nos dar os salários e a Torre não nos paga direito”, acusa.
“Seria melhor acabar com essa bagunça”, declara irritado outro gari contra o Pré-Caju. De acordo com o cabo da turma Sérgio da Silva, que coordena a equipe, estão trabalhando no evento em torno de 250 a 350 homens e mulheres na avenida Beira Mar e em outros pontos do evento, de hoje (18) até a próxima terça-feira.
Apesar de confirmar o acúmulo de sujeira no local, Sérgio é menos radical. “Alguns ficam instatisfeitos porque as pessoas estão se divertindo enquanto eles estão limpando, mas cada um ganha cestas básicas e eles trabalham por escala. Festa é isso mesmo”.
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