Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Os meninos que fogem de casa estão cheios de histórias parecidas. A rua só adota feridas cobertas de trapos, desmamadas, sem tetas nem colostro para fazer vingar, um dia, o impulso dos primeiros passos. Aracaju é a madrasta que nos abre a porta para o relento do mundo. Uma cidade sem árvores. Uma senhora seca, sem palavra de carinho capaz de guiar um filho pelos perigos do asfalto.
Pouco importam os argumentos legais que vestem o absurdo. Não existe um pingo de razoável na antipatia demonstrada pela Emsurb em relação aos chorões que humanizavam as pedras do mercado. No entendimento da Prefeitura Municipal de Aracaju, o empresário Fabiano Oliveira tem o direito de interditar a cidade inteira por quatro dias de desatino bancado com dinheiro público, mas uns sopapos no pandeiro ameaçam a segurança e o sossego da capital.
O episódio vai além do aqui e agora publicado na primeira página do jornal. Pouco importa se o alvará que autorizava a reunião de um grupo de chorinho nas dependências do bar de Dona Lúcia, no Mercado Municipal, estava vencido. Trata-se de uma lógica de ocupação do espaço público que subordina o interesse coletivo, o meio ambiente e as manifestações culturais da aldeia à influência de amancebados e conchavos políticos.
Os incomodados que se mudem, bradam como crianças mal educadas, cheios de empáfia, pendurados nos camarotes. Expõem o desprezo pelas demandas da sociedade civil organizada. Esquecem que todo poder emana do povo. Os governos derrubados pelo zumbido de uma flauta doce advertem: A cidade é madrasta, mas eles não perdem por esperar.
riansantos@jornaldodiase.com.br
Os meninos que fogem de casa estão cheios de histórias parecidas. A rua só adota feridas cobertas de trapos, desmamadas, sem tetas nem colostro para fazer vingar, um dia, o impulso dos primeiros passos. Aracaju é a madrasta que nos abre a porta para o relento do mundo. Uma cidade sem árvores. Uma senhora seca, sem palavra de carinho capaz de guiar um filho pelos perigos do asfalto.
Pouco importam os argumentos legais que vestem o absurdo. Não existe um pingo de razoável na antipatia demonstrada pela Emsurb em relação aos chorões que humanizavam as pedras do mercado. No entendimento da Prefeitura Municipal de Aracaju, o empresário Fabiano Oliveira tem o direito de interditar a cidade inteira por quatro dias de desatino bancado com dinheiro público, mas uns sopapos no pandeiro ameaçam a segurança e o sossego da capital.
O episódio vai além do aqui e agora publicado na primeira página do jornal. Pouco importa se o alvará que autorizava a reunião de um grupo de chorinho nas dependências do bar de Dona Lúcia, no Mercado Municipal, estava vencido. Trata-se de uma lógica de ocupação do espaço público que subordina o interesse coletivo, o meio ambiente e as manifestações culturais da aldeia à influência de amancebados e conchavos políticos.
Os incomodados que se mudem, bradam como crianças mal educadas, cheios de empáfia, pendurados nos camarotes. Expõem o desprezo pelas demandas da sociedade civil organizada. Esquecem que todo poder emana do povo. Os governos derrubados pelo zumbido de uma flauta doce advertem: A cidade é madrasta, mas eles não perdem por esperar.
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